Fala, galera linda do Planet Satsus, é a Lady Trotsky chegando com mais um capítulo de Corações Indomáveis! Espero que gostem e apreciem MUITO!
No episódio anterior: Dan Moroboshi tem grande conflito com o capitão Kiriyama e a oficial alemã Ilsa em razão da investigação da quadrilha de tráfico humano. E Olga Gorisaki se vê tentando dar um novo rumo à sua vida.
Mariana e Maricruz tinham sido colocadas em salas fechadas separadas uma da outra. Ambas estavam soltas porque as salas eram hermeticamente fechadas. Exceto por uma grade de ventilação, para assim ambas respirarem.
Regine tinha absoluta certeza de que juntas elas armariam um plano para fugir. Afinal, elas eram do tipo que fariam qualquer coisa para obter o que queriam, inclusive seduzir os guardas. Praguejou que naquela noite tinha muito a fazer e não podia interrogá-las como fazia quando prisioneiros realmente importantes apareciam. Os que não eram de valia, ela deixava que seus homens os interrogassem. Quando, porém, ela tivesse conseguido as informações que queria, o Esquadrão Ultra as receberia de volta, em pedaços.
As informações referiam-se a sobre como o Esquadrão tinha entrado na investigação da quadrilha de tráfico humano. Até onde ela sabia, apenas a Interpol andava nisso e estava totalmente perdida desde a morte de Monella Parisi. Ou pelo menos ela assim pensava até Taira desaparecer sem deixar rastro que fosse. Tinha o visto ser colocado em um táxi e sequer desconfiara de algo! O rapaz com quem tinha falado tinha algo com isso certamente. Afinal, ele tinha chamado a condução. Seu filho a ajudara, com suas habilidades, a descobrir o que realmente ocorrera. Ela não exatamente sabia quantos membros estavam envolvidos, mas sabia que o Ultra Keibi-Tai estava aliado com a Polícia Internacional. Alguns dos membros certamente eram o japonês de camisa azul, o espanhol de bigodinho, os falsos taxistas e as duas vadias capturadas. Isso sem contar que Frances Dupont tinha desaparecido desde a manhã.
Não era de hoje que tinha séria desconfiança daquela vagabunda exibicionista. Várias operações suas tinham sido desmontadas apenas um mês depois das turnês dela pararem nos países onde ocorreram. No entanto, nunca conseguira uma evidência de seu envolvimento, mas tinha conseguido descobrir a detetive Parisi. E dado um fim nela quando teve chance. Teria a feito sofrer bem mais se na noite em questão a rua não estivesse cheia. Por isso tinha apelado para um único tiro no coração dado por trás. Desde então, as denúncias tinham parado. No entanto, não descobrira como Frances tinha ligação com isso. Tentou abordagem direta e indireta algumas vezes, mas falhou porque a segurança em volta dela era impenetrável. Sequer sabia como era seu rosto. Bem, nem tudo ela podia conseguir embora odiasse esse aspecto. Ela odiava isso tanto quanto as outras mulheres. Não as suportava. Não conseguia olhá-las.
Assim como era incapaz de olhar-se no espelho. Desde criança nunca tivera direito a uma vida normal por mais que a família a amasse de verdade. Coitados. Não tinham culpa se ela tinha nascido com aquela pele de porcelana polida e aquele cabelo branco de bruxa! Nunca pudera ir à praia. Jamais ia à escola se não fosse toda coberta e com protetor solar até pelo nariz! Sempre tinha sido vítima de toda a sorte de chacotas, especialmente das meninas. Elas tão normais, bonitas, com longos cabelos negros, loiros ou ruivos e corpos que muito provavelmente lhe dariam fama como modelos ou atrizes. Ou um casamento com ricos sebentos e idiotas que as exibiriam como troféu, tal como as vagabundas que eram. Por isso gostava de atrair esses tipos para sua armadilha de boa vida, explorá-las ao máximo e depois descartá-las como o lixo que eram. Pelo menos o filho a ajudava nisso.
Seu garoto era a única coisa que no mundo lhe importava. Era apenas uma menina quando o encontrara. O chamava seu filho embora não o fosse por sangue. Branco como ela, tão sofrido quanto. Só que era lindo. As escamas brilhavam de forma linda. Embora agora fosse grande demais, nunca deixaria de chamá-lo seu filhotinho. E logo ele teria mais duas para brincar. E o que sobrasse, o Esquadrão Ultra receberia. E aprenderia a nunca mais meter-se com ela. Ninguém a venceria enquanto ela vivesse.
Mal sabia ela que, mesmo sozinhas, Mariana e Maricruz podiam ser muito mais duronas que qualquer um dos guardas. Não ficariam esperando a morte chegar nem com a ameaça de uma bomba. Mesmo separadas, dariam um jeito de escapar dali. Falavam baixo uma com a outra para não atrair atenção dos guardas. A segunda, dona de atenta audição desenvolvida durante a infância em razão da convivência com os índios e a natureza, tinha pelo menos uma ideia de onde estavam. O trajeto sem sustos do caminhão indicava que elas tinham ido em direção a uma metrópole ou pelo menos uma cidade cuja estrada fosse bem pavimentada. Outros ruídos, porém, indicavam um local distante do centro. O problema era que apenas uma das duas poderia realmente fugir e pedir ajuda. As duas juntas poderia ser um problema. Cuidadosamente, ambas analisaram as salas-celas onde se encontravam presas.
A única saída realmente possível era a grade de ventilação. Ou pelo menos teria sido para Maricruz. A mexicana, sem nojo algum, limpou todo o pó do chão onde se encontrava. Analisou o local todo em busca de algum alçapão, pois o local, à primeira vista, parecia um armazém abandonado datado da Segunda Grande Guerra. Mariana, por algum instinto que desconhecia, fez algo parecido e nada achou. Tejada tateou cuidadosa e silenciosamente cada centímetro do chão. Achou uma pequena fenda. Podia ser sinal da velhice do local. No entanto, era uma passagem. Abriu-a com todo o cuidado, pois não sabia o quanto o guarda podia ouvir. Perguntou-se que local era realmente aquele. Avisou à Mariana que fugiria e buscaria ajuda. Desceu e com o mínimo de ruído possível, fechou a tampa.
Outro problema, porém, surgira: como pretendia fazer algo efetivo se não tinha sua arma? As armas de ambas tinham sido retiradas de seus uniformes pouco antes de serem colocadas no caminhão. E ela não sabia onde Regine as teria posto. Para piorar, não tinha sequer tempo de fazer algo sobre isso, pois quanto mais demorasse, menos seriam as chances de conseguir resgatar a colega que tinha ficado. Mariana, no entanto, tinha um plano em mente. Preferia morrer lutando a se entregar. Fora a lição que dona Teresa, a avó, sempre tinha lhe ensinado.
Não demorou sequer duas horas para o guarda notar o sumiço da prisioneira. Resolveu recapturá-la por sua conta, pois a chefe encontrava-se ocupada negociando uma nova leva de mulheres. Além de mais uma vez chantagear alguns poderosos dos quais tinha provas comprometedoras. E ele sabia que era melhor não interrompê-la ou isso poderia causar consequências inacreditáveis. Chamou um colega para auxiliá-lo e outro para continuar vigiando a moça que restava. Os homens perguntaram-se como diabos ela tinha saído da cela, pois não havia nada ali que possibilitasse uma fuga. Acabaram abrindo a porta e estranharam que todo o pó do chão estivesse acumulado em um canto. Seria possível que ali tivesse alguma passagem secreta? Até onde eles se lembravam, não.
Maricruz, por sua vez, quase estava arrependida de ter descido por ali. Durante toda a caminhada, havia encontrado alguns esqueletos. Muito provavelmente o local onde estava era uma antiga prisão ou alguma coisa parecida. Nada de armadilhas, pelo menos até onde havia andado. A cada vez que se sentia cansada, respirava fundo algumas vezes. Quanto menos parasse, mais chance teria de escapar e não ser recapturada. Quando viu o que parecia ser um facho de luz, teve a certeza de que havia chegado em algum lugar bastante longe daquele horror. Subiu uma escada metálica muito velha e logo percebeu onde estava após abrir uma pesada tampa redonda. Próxima a um condomínio que possivelmente era distante do centro alguns minutos de carro. Acabou levando um susto quando um menino que procurava pedrinhas coloridas gritou ao vê-la. Um casal correu para ver o que acontecia...
- Satie, eu conheço ela! É do Esquadrão Ultra! Ela foi a moça que evitou que um trombadinha roubasse a sua bolsa aquela vez na feira! – um homem olhou com espanto.
- Menina, olha o seu estado! Você saiu desse buraco?! – uma mulher horrorizou-se.
- Preciso pelo amor de Deus telefonar ao Esquadrão Ultra! É urgente! – Maricruz quase chorava.
- Satie, leva a menina pro nosso apartamento que eu vou colocar uma pedra bem pesada aqui. Seja lá o que for que aconteceu, o que eu tenho quase certeza que foi um rapto, os responsáveis logo vão vir atrás dela. Melhor evitar que esses meliantes venham até aqui – Sato procurou uma pedra grande e pesada o suficiente.
- Eu me lembro de vocês agora. Sr. Sato, dona Satie e o menino Ichiro. Obrigada – sorriu ela em meio às lágrimas.
Foram quinze minutos entre Maricruz subir ao apartamento da família Sato, fazer pelo menos higiene nas mãos e rosto e conseguir telefonar. Explicou tudo o que havia acontecido, mas não conseguira entender de onde havia vindo a rede que havia envolvido o carro. O capitão espantou-se: - E onde você está?
- No apartamento do senhor Sato e da esposa dele. Não sei exatamente como, mas o local onde eu estava é ligado ao condomínio onde eu estou. É pelo menos duas horas de caminhada. Provavelmente uns dez ou quinze minutos de carro. Tudo isso baseado em onde estou. Capitão, por favor, dá um jeito de localizar esse lugar. A Mariana ficou lá e não tive como resgatá-la porque tiraram a minha arma – a jovem encontrava-se muito nervosa no telefone.
- Maricruz, mantenha a calma. Vou enviar uma equipe atrás da Mariana e o Horacio e o Alex vão te buscar – Kiriyama não pôde acreditar no que tinha ocorrido. Achava seriamente que as garotas ainda estavam na ronda. Pois dificilmente elas voltavam antes da madrugada cair. Nunca tinha ocorrido nada assim. O que, porém, intrigava o capitão era a tal rede que havia envolvido o carro antes das jovens serem raptadas. Muito provavelmente tecnologia desconhecida. Quem sabe alienígena.
Enquanto no Japão o Esquadrão tinha como prioridade resgatar um membro raptado, Dan estava na Europa, em sua forma original, investigando. Seus poderes o haviam ajudado nisso. Apenas naquele dia tinha descoberto muitas coisas que definitivamente davam outro rumo à história. De fato, como ele suspeitava desde o início, várias daquelas pessoas estavam sendo chantageadas. Outras, porém, participavam disso porque assim garantiam sacrifícios a uma entidade que parecia um dragão branco. As vítimas do tráfico humano certamente eram para esse propósito ou pelo menos era a teoria que a mente de Seven criava. Com que razão, ele ainda não sabia, mas já tinha a suspeita sobre o que podia ser. Um dragão albino da galáxia de N-79. Eram seres raros, muito dificilmente sendo encontrados por olhos humanos.
Afinal, um animal desses não era considerado um deus. Inclusive os povos que habitavam aquela galáxia preferiam manter distância dos dragões albinos. Até mesmo eles existiam em um número considerável nas partes desabitadas daqueles planetas, mas não eram do tipo que causavam mal às pessoas. Exceto quando eram incomodados por exploradores ecológicos, o que havia parado de ocorrer quando uma lei proibiu exploração de áreas protegidas. Então como era possível que um dragão albino tivesse ido parar na Terra? Como ele exigiria sacrifícios de mulheres quando a espécie sequer conhecia esse tipo de conceito? Algo claramente estava muito errado.
- Você ainda não percebeu que dedo humano ou alienígena nisso? – aquela voz era reconhecível até demais. Seven emocionou-se...
- Senpai? O que faz aqui? Você está investigando também?
- Estou. Só não posso te contar quem me chamou para isso, pelo menos por agora. O que posso dizer é que esse dragão albino veio parar na Terra há mais de anos. Um caçador de recompensas o levava para outro lugar quando a nave dele deu um defeito grave e caiu aqui. O então filhote de dragão sobreviveu e foi encontrado por uma menina albina. Imagino que você já deve ter notado de quem estou falando – disse o outro para espanto de Dan...
- Regine Redfield. Mas como ela conseguiu domar um animal daqueles? Nunca ouvi falar de uma só pessoa que tivesse conseguido essa façanha!
- Para todos os efeitos, o primeiro contato dele foi ela. Ela o cuidou, o amou, deu a ele o que mais ninguém deu. Só que Regine o criou para odiar qualquer um que não fosse ela, baseado no trauma pessoal dela. E certo alguém se aproveitou disso para obter energia suficiente para abrir um portal entre onde ele está preso e a Terra. Ou pelo menos ele está tentando – suspirou o outro enquanto Dan nada entendia daquilo...
- Como assim?
- Jade já deve ter te falado sobre Ultraman Iouda, certamente. Ele claramente está tentando fugir de sua eterna prisão e castigo pelo veneno da Mothra nos olhos sempre abertos para que ele veja o mal que causou – respondeu o “senpai” tristemente.
- Mas como ele pode estar fazendo isso se está preso? É impossível – Seven olhou-o descrente.
- Não tanto quanto você pensa. Os sentimentos humanos podem gerar uma energia que causa um efeito devastador se for mal utilizada. No caso desse dragão, ele basicamente tornou-se uma extensão da personalidade diabólica da senhorita Redfield. E todo o ódio, raiva e ressentimento com as mulheres, o que terráqueos chamam “misoginia”, no caso dela, são tão fortes, que ressoaram com os sentimentos do Iouda, que são pelo menos dez vezes piores. Caso você não saiba, os dragões albinos têm uma capacidade da qual poucos sabem: contato telepático interdimensional. Com o diferencial de que eles não precisam abrir uma brecha para isso. Como isso ocorre, ninguém sabe – disse ele para que Dan logo respondesse incrédulo...
- E como Iouda teria feito esse dragão parecer um deus aos olhos desses que oferecem sacrifícios a ele?
- Essa parte eu não sei explicar de modo exato. E alguns humanos, quando querem dinheiro, poder e fama, servem a Deus e ao Diabo na mesma proporção. Não duvido que a tal Regine tenha prometido mundos e fundos a essa gente usando o suposto poder milagroso do dragão. Os que concordaram com isso usaram a quadrilha de tráfico internacional de pessoas para esse fim. E os que foram chantageados certamente foram pegos por essa bandida em alguma situação comprometedora e não querem ser revelados. Que situações são essas, não sei – disse o outro com aparente indiferença.
- É justamente isso que quero descobrir nessa investigação. Quero levar Regine à justiça e fazê-la pagar por seus crimes como ela merece – disse Dan firmemente.
- Garanto que isso não vai ser fácil. Você teria de descobrir onde ela guarda as provas para chantagear seus alvos. Acho improvável que tais evidências estejam espalhadas por aí. Podem existir cópias, mas encontrá-las levaria um tempo que você não tem – o senpai olhou fixamente.
- Eu sei exatamente como usar meus poderes. Aprendi com você e a Jade – disse Seven confiante.
- Com certeza, mas pode aceitar minha ajuda para isso ser mais rápido? Sinto falta de estar com você – o outro tristemente sorriu.
Dan quis perguntar o que exatamente o levara a ser exilado na Terra, mas percebeu que ele provavelmente não desejava falar disso. O mestre dissera-lhe que a tarefa que antes levaria uma semana agora demoraria apenas dois dias. E depois disso, eles teriam de destruir o dragão albino, algo com o qual Moroboshi não queria concordar: - Não há outra solução?!
- Eu já disse: ele tornou-se uma extensão da personalidade dela. E isso já faz muito tempo. Não tem como reverter o estrago a não ser que alguém com uma energia positiva dez vezes maior consiga purificar a mente dele. O problema é que não há nenhum Ultra aqui com tal poder. Eu o tinha, mas me foi tirado – suspirou ele dolorosamente.
- Nós daremos um jeito, eu sei disso. Só espero que ele não ataque ou teremos de voltar antes do previsto – Dan seriamente torcia para que Regine não fosse tão louca a ponto de mandar atacar uma cidade.
Ao mesmo tempo, os dois capangas de Redfield tinham conseguido encontrar a passagem e por ela estavam andando. Perguntavam-se o quão longa era e se encontrariam a jovem. Pensavam eles que dificilmente aquela magrinha aguentaria o possível caminho longo. Sorriram esperançosos de que ganhariam uma recompensa caso a recapturassem ilesa.
Mariana, por sua vez, tentava analisar o guarda que agora a vigiava. A janela pequena demais não lhe permitia ver muita coisa, mas o que tinha conseguido lhe dissera muito. Ele claramente era um novato. Um garoto querendo se fazer de corajoso. Ele não devia ter mais de dezoito anos. Provavelmente só estava lá por conta do dinheiro fácil e certamente nem sabia onde estava se metendo. Lamentou ter que nocauteá-lo, mas era o jeito.
Mariana sabia que ali tinha pelo menos uma latrina, já que não haviam deixado qualquer coisa que ela pudesse usar como penico. E isso indicava que ela teria de pedir ajuda ao guarda se quisesse se aliviar. Foi o que fez. Bateu à porta: - Aqui tem onde fazer necessidades? Não me deixaram nada para usar.
- Tem, só que não sei onde fica. Vou ter que pedir a outra pessoa – disse o garoto calmamente.
- Tudo bem, eu espero – Mariana praguejou mentalmente. Claro, como ela podia esperar que ele soubesse qualquer coisa quando ele era só um iniciante?
A jovem esperou alguns minutos até a porta da sala-cela ser aberta. O novato estava acompanhado de um bem mais velho e quase sem cabelo: - Nos acompanhe. Não tente nada engraçado.
Ela nada disse, mas assentiu. Quem sabe poderia tentar escapar de alguma outra forma, porém, lidar com dois ao mesmo tempo seria impossível. Ambos estavam armados e ela de mãos vazias. O local onde era o “banheiro” não podia ser considerado dos mais limpos. Foi quando Mariana foi surpreendida pelo mais velho lhe dando sua arma:
- Você vai precisar disso pra fugir.
- Por quê? – era verdade que “a cavalo dado não se olham os dentes”, mas ela não conseguiu conter a pergunta.
- Tenho motivos, mas agora é mais importante você sair o mais rápido possível daqui e pedir ajuda. Regine é mais louca do que parece. É melhor o seu chefe e seus colegas estarem prontos porque ela vai atacar a cidade com o monstro de estimação dela com a intenção de desviar a atenção da investigação da quadrilha. A sua colega foi bem esperta. A essas horas o seu capitão já deve ter sabido de tudo e vai mandar gente aqui – Mariana olhou-o surpresa, seriamente achando que ele mentia e o garoto tremeu de medo.
- Tudo bem – disse ela afastando-se, mas antes recebendo uma orientação e uma companhia a tiracolo, que teve a arma tirada das mãos: - Vá pelo lado oposto. Senão ela pode te ver. E garoto, vá com ela e não volte. Tome aqui um dinheiro caso precise comer e ir pra casa. Você não tem jeito pra ser bandido e deveria estar na escola ou trabalhando.
Mariana Fagundes nunca tinha passado por semelhante situação. A confusão em sua mente estava níveis acima de qualquer coisa que ela já tivesse vivido antes. Um criminoso “bonzinho”? Bem, ela não podia reclamar da sorte. Os dois logo estavam consideravelmente longe, pois o garoto decididamente era tão rápido e resistente quanto ela. Ela perguntou: - Qual seu nome?
- Makito – respondeu ele envergonhado.
- O que você pensou quando entrou nisso? Por acaso...? – a brasileira não sabia por onde começar a listar motivos.
- Tenho uma mãe seriamente doente e cinco irmãos. Meu pai desapareceu quando era pequeno. Eu achei que só sendo guarda eu ganharia pelo menos para ter o que comer, vestir e como fazer um curso preparatório. Já terminei a escola, mas não tenho como fazer a faculdade – respondeu ele triste. No fundo, porém, ele tinha muito medo de carregar qualquer arma que fosse. E muito menos tinha gostado da albina esquisita que todos chamavam de chefe.
- Se você quiser, eu te levo ao Esquadrão Ultra e você pode estudar pra se tornar um membro – sorriu ela.
- Será que posso? Não sei se tenho físico. Sou tão magro – Makito e ela continuavam andando. Aliviaram-se por enfim o local ter sumido da vista deles.
- Nada que treinos não possam fazer. Eu também era magrinha quando comecei. Todos me chamavam de “Vareta” – respondeu ela ao que ele riu.
Foi quando eles foram inesperadamente surpreendidos por um carro do Esquadrão Ultra: - Mariana?!
- Furuhashi?! Você tá fazendo ronda? – a jovem simplesmente não achara pergunta melhor embora estivesse dando graças a Deus por estar salva.
- Apesar de tudo, alguém tem que fazer as tarefas simples. Deus do céu, eu nunca pensei... – dizia ele quando foi interrompido por um rugido extremamente alto.
Os três olharam para cima. Ficaram estupefatos ao ver um enorme e escamoso dragão branco manchando o céu limpo daquela madrugada.
- Minha nossa – Makito abraçou-se em Mariana esquecendo totalmente de qualquer regra de educação.
- Entra – disse ela empurrando-o para a porta já aberta do carro e entrando junto: - Shigeru, mete o pé nesse acelerador! E avisa o capitão Kiriyama sobre isso. Parece que o capanga tinha razão!
- Como é? – o homem mais forte da equipe olhou-a incrédulo.
Mariana explicou toda a situação. Shigeru não sabia exatamente o que dizer, mas ainda sim falou: - Engraçado que o capitão acabou de passar por algo parecido. O tal do Taira Minamoto começou a falar tão rápido que até eu desconfiei, mas ao que parece, ele não é o único a não gostar da Regine Redfield.
- Levando em conta aquele diário da tal detetive, mesmo o mais ambicioso dos bandidos não concordaria com isso. Só se o desgraçado fosse um sádico, feito o primeiro marido da minha avó – Mariana respondeu enquanto o motorista ligava a proteção do carro: - Caso gigante voador resolva cuspir fogo na gente. Isso se ele cuspir algo.
- Prefiro que ele não seja capaz disso – disse Makito apavorado enquanto Furuhashi olhou a colega de equipe um tanto surpreso, pois ela nunca falava da família ou coisa parecida.
Por melhor que fosse a proteção do carro, isso não evitou que o cheiro de queimado invadisse. O dragão cuspia um fogo azulado e imenso pela boca larga cheia de dentes horrivelmente grandes. A jovem perguntou: - E essa coisa é o bicho de estimação daquela mulher? Meu Deus!
O que dirigia não deu importância exata. Comunicou-se com Kiriyama avisando que Mariana estava a salvo e com ela trazia um garoto que talvez pudesse dar informações úteis. O capitão de imediato respondeu: - Eu ainda estava preparando a equipe. Maricruz me disse que todos estão armados até os dentes. Não podia arriscar acabar fazendo uma idiotice.
- E como ela está? – perguntou Mariana tensa.
- Conseguiu uma fuga inacreditável – disse Kaoru quase rindo, mas quando Furuhashi comunicou o pior, parou:
- Vou enviar Soga com um grupo de pilotos treinados. Nós não teremos a ajuda do Dan nisso. Teremos que agir por conta própria se quisermos evitar uma grande destruição. Quanto tempo até ele chegar à cidade?
- Na velocidade em que ele voa, provavelmente uns dez minutos ou pelo menos cinco – Furuhashi aliviou-se ao ver o “portão”, na verdade uma passagem que aparentava ser um monte de vegetação, abrindo-se.
- Obrigado – Mariana sorriu agradecida.
- Então é aqui? – Makito quase chorou ao ver o local.
- Tudo bem? – a oficial estranhou aquela reação. Reparou que o rapaz suava. Achou que era nervosismo puro, mas ele não parecia nervoso enquanto eles corriam para longe do local onde estavam antes.
- Tudo – disse ele tentando disfarçar o choro ainda evidente.
Mariana seriamente estranhou aquilo. Desembarcou do carro após Furuhashi pará-lo. Achou melhor levar o menino para a enfermaria, pois desconfiava que algo estava errado com ele. Ela não desconfiava, ainda, o quão assim era.
Regine, por sua vez, sabia. Seu filho a ajudara a descobrir muito sobre o Esquadrão Ultra. Usava as habilidades dele porque ele permitia. Não sabia sua localização, ainda, mas que a nanobomba implantada em Makito através de um sanduíche que tão alegremente o rapaz comera antes explodiria em apenas uma hora contando de quando ele entrasse no local. Fosse onde fosse o maldito lugar, explodiria com todos dentro. Seu plano inicial não tinha funcionado como ela planejara, mas o coração mole do agora revelado traidor Oleg tinha sido muito útil. Só lamentava não poder matá-lo porque a essas horas ele já tinha escapado. E o fato que só tinha sabido das fugas muito depois não colaborou. Duvidava que ele fosse ficar por perto depois de tão na cara dura ajudar uma vadia a fugir. E ele sequer tinha lhe contado que uma das salas de contenção tivesse uma passagem por onde a outra desgraçada tinha fugido!
Pensava nessas coisas enquanto escapava dirigindo a toda a velocidade. Porque sabia que uma equipe do Esquadrão Ultra iria ao esconderijo. Tinha trazido consigo tudo o que pudera carregar de documentos que provavam sua culpa. Agradecia à sua astúcia pelos documentos das chantagens estarem em um lugar onde ninguém pensaria em procurar. Nenhuma pessoa a venceria enquanto ela vivesse. E conquanto ela tivesse seu amigo albino, ela jamais sofreria nenhum revés. Ou pelo menos ela assim pensou antes que um caminhão atravessasse seu caminho e nele Regine batesse com tudo. Dele saiu uma triunfante Ilsa Weinmann:
- Pegamos a vagabunda. Pena que não posso fazer com ela o que eu realmente gostaria. Ainda bem que sou excelente em localizar criminosos em fuga. Levem essa cadela sarnenta para o camburão. Algemem-na com as algemas mais apertadas que puderem e a amordacem. Não quero ouvir latidos.
- Sim, senhora! – disse um dos rapazes quase morto de medo da oficial que assumira aquela parte.
Na sede do Esquadrão, Makito estava na enfermaria, sendo examinado por Anne, que constatou algo apavorante...
- Não sei quanto tempo temos até...
- Tem alguma coisa dentro de mim que parece pronta para explodir! – disse ele aos prantos.
- Você tem alguma ideia de como foi parar aí? – ela segurou-lhe a mão para confortá-lo.
- Provavelmente algo que eu comi. Lembro da albina me oferecendo um sanduíche de boas vindas. Não quero morrer! – o rapaz não queria sua vida interrompida agora que realmente tinha uma chance de melhorar.
Disse com uma profunda dor, que parecia ecoar além do recinto: - Eu só quero uma chance de ajudar aqueles que eu amo. Nunca fiz mal a ninguém pra merecer isso.
Foi quando uma aparição inesperada fez Anne quase sacar a arma. Surpreendeu-se ao ver uma Ultra com asas de fada. Como ela teria entrado ali? Teria sido ela atraída pelos sentimentos sinceros de Makito? Perguntou: - Quem é... você?
- Irmã do Seven. Sou Pixie. Estou quebrando algumas regras, mas é em nome de salvar uma vida. Os sentimentos dele são puros e honestos, pude sentir. Ele não merece ser usado como bucha de uma nanobomba – disse ela se aproximando com cuidado, pois temia assustar demais.
- Como assim?! – Anne apavorou-se e Makito pareceu rezar a um Deus no qual ele até então não acreditava.
Pixie chegou à cama do garoto e delicadamente o rastreou sem tocá-lo: - Os dragões albinos, podem expelir certos materiais que são usados para criar nanobombas, que apesar de pequenas, são mortais. Além de redes espessas usadas para capturar presas. Geralmente são feitas das escamas deles, razão pela qual a caça deles é proibida embora ela quase não seja praticada porque as pessoas têm medo de se aproximar.
- Expelir através de escamas? – Anne olhou-a incrédula.
- Em razão dos dragões albinos serem sensíveis demais, a troca de escamas deles é feita com uma frequência de um ano, quando a dos normais leva de três a cinco, dependendo da espécie – disse Pixie massageando uma área próxima ao estômago do rapaz.
Anne olhou com espanto o momento em que Pixie retirou algo da região sem fazer sequer um corte. A jovem Ultra neutralizou a bomba com tal facilidade que a oficial ficou de boca aberta: - Onde aprendeu isso?
- Na primeira fase de treinamento. Os Ultras desse caso aprendem a desarmar qualquer tipo de bomba e são suporte em vários casos, além de saber tomar a forma de qualquer espécie que encontrarem – sorriu ela.
- Maravilhoso. Agradeço por me ajudar. Queria ter... – dizia Anne, mas Makito sorriu: - Você estava aqui, me apoiando. Isso por si só é motivo para sorrir. Obrigado, senhorita Pixie.
- Dizem que é para isso que as fadas servem – a Ultra acenou e logo sumiu sem nada mais dizer.
Por alguma razão que desconhecia, Anne achou melhor não contar sobre o que acontecera ali. O menino concordou, pois não queria Mariana preocupada. Gostara da gaijin porque ela havia sido boa com ele, coisa que geralmente as pessoas não eram. Só porque era pobre e se vestia mal, quase todos desconfiavam dele e o enxotavam. A oficial olhou-o e sorriu: - Quer comer alguma coisa?
Makito sorriu e aceitou o convite.
Regine Redfield, por sua vez, enfim era violentamente jogada dentro de uma cela. Nada disse, estando totalmente incrédula sobre como tudo tinha dado errado tão ligeiro. De repente, chorou, preocupada com seu amado filho alado. Teve a certeza de que o Esquadrão Ultra iria acabar com ele se tivesse uma chance. Não podia, porém, gritar para que ele destruísse a esquadrilha certamente enviada, pois estava amordaçada. Ela, porém, sabia que ele podia detectá-la por seus pensamentos. O dragão sabia o que tinha de fazer: vingança. O Esquadrão Ultra teria pelo menos uma dezena de membros para enterrar no dia seguinte. E pelo menos 90% de Tóquio estaria arrasada. Fechou os olhos sorrindo malignamente.
A custo, os pilotos liderados por Soga desviavam das rajadas cada vez mais violentas do monstro. Não fazia sequer dez minutos que tinham saído da sede por ordem do capitão. O atirador torcia para que Dan conseguisse encontrar as provas de que necessitava para evitar algo pior. E com isso em mente, determinava-se a ficar vivo para conseguir cumprir a missão que lhe fora confiada. Ele só não contava com a aparição surpresa de uma Ultra verde e prata: - O que?!
Soga e os pilotos tiveram de fazer um desvio considerável para não se chocarem diretamente com ela. Embora estivessem focados na missão, não puderam evitar o espanto com a forma dela. Não ousaram fazer qualquer comentário, pois não sabiam se ela poderia ouvi-los. Jade, por sua vez, voava e atacava o dragão com raios na tentativa de atraí-lo para ela e assim evitar que ele acabasse ferindo os pilotos e se aproximando da capital.
- Eu não quero menosprezar o UltraSeven, mas ela claramente é mais poderosa que ele! – disse o copiloto de Soga impressionado.
- É meio óbvio, considerando que ela basicamente é mãe dele – respondeu o outro naturalmente.
- Um privilegiado é o que ele é – sorriu o rapaz.
Após um bom tempo, Jade enfim conseguiu a atenção do dragão albino. Os aviões continuavam procurando um ponto onde pudessem causar dano. Pois embora ele parecesse frágil em seu albinismo, as escamas eram uma proteção e tanto. De tal forma que agora muito seriamente pensavam antes de atirar, pois não podiam desperdiçar munição.
Foi quando o monstro focou-se em realizar um massivo ataque sobre UltraJade, que criou um escudo em volta para proteger-se. Ele investiu violentamente contra ela. Regine, em sua cela, não entendia quem era aquela coisa gigante que agora o enfrentava. Jade, por sua vez, tentava achar um modo de purificar a mente da criatura, porém, seu escudo não durava mais que dez minutos. Não queria eliminá-lo, pois sabia que Dan jamais concordaria em matá-lo, não quando ele era uma vítima das circunstâncias. Estava ali porque havia sentido a presença de uma criatura diferenciada no planeta e quando viu o que era, sabia que era seu dever salvá-lo. Era verdade que limpar a mente da criatura deixaria sua “mãe” à beira da morte, mas era o jeito de fazer a coisa realmente certa.
De repente, Pixie surgiu do céu envolta em um escudo rosado, quase como um anjo vindo à salvação do que estava perdido.
- O que faz aqui?! – a verde e prata olhou-a espantada.
- Em um caso desses, você precisa do seu cetro de escaneamento. Por mais poderosa que você seja, esse dragão tem uma ligação mental forte com a mulher que o criou. E ela é quase como a encarnação do demônio – respondeu a outra ao que Jade pegou o cetro com rapidez: - Obrigada! Agora, volte. É perigoso para você estar aqui.
- Sim – disse ela afastando-se ao que o monstro intensificava o ataque vendo o corpo estranho nas mãos de quem se defendia.
Jade tinha ainda mais oito minutos até o escudo desfazer-se. Seriam necessários seis para fazer o processo. A Ultra dava graças que podia fazer isso sem estar desprotegida em razão de seu nível. O processo, apesar do previsto, acabou em cinco minutos e vinte segundos, o que lhe dava uma vantagem de dois e quarenta. Embora a limpeza levasse um bom tempo a mais, ela sabia que era o melhor a ser feito. Começou sem nem ao menos pensar ou piscar. O dragão se viu de repente envolto em uma imensa bola de luz. Debateu-se como uma mosca presa em uma teia de aranha. A Ultra sabia que ao final estaria esgotada, mas dedicou-se à tarefa arduamente. Não podia permitir que a podridão de uma humana estragasse um ser como aquele ainda mais.
Estava sendo difícil para Jade lidar com algo tão forte. A mente daquela humana tinha uma brutal resistência. A Ultra começava a cansar-se quando enfim pôde atingir o cerne dos pensamentos do dragão albino. O pobre não tinha total culpa das coisas que fizera, pois tinha sido induzido a fazê-las pelo ódio desmedido de uma mulher maligna sem escrúpulos. Pôde afinal desfazer a ligação. Ouviu, na verdade sentiu, um grito seguido de um dolorido pranto. A tal humana não estava muito danificada embora claramente estivesse com uma horrível dor de cabeça. A mulher ultra, por sua vez, estava muito cansada. Ainda precisaria, porém, levá-lo dali.
Na cadeia, Regine segurava a cabeça com força implorando que aquela dor parasse. Ilsa sequer mexeu-se para ajudá-la. Aquela vagabunda maldita merecia seja o que fosse o ocorrido. Abandonou o compartimento de celas sem sequer olhar para trás. Os gritos de dor soavam como música aos seus ouvidos. Neville chamou os oficiais médicos para levarem-na à enfermaria, pois ninguém iria dormir se ela continuasse com aquela gritaria. No entanto, avisou-lhes que era melhor amarrá-la, pois ela era uma louca perigosa.
O dragão, ali fora, dormia tal qual uma criança muito cansada. Jade ainda não se sentia totalmente recuperada, mas tinha de terminar o trabalho. Pixie reapareceu: - Você vai precisar de mim. Então não me dispense.
- Está bem, mas tenha cuidado ao me ajudar – disse a outra usando uma das últimas forças que lhe restavam para envolvê-lo em uma bola de luz verde. Era onde ele seria transportado a um planeta onde não pudesse incomodar ninguém e viver em paz.
Pixie assentiu e cuidadosamente envolveu a bola com seus poderes. Voou com a rapidez que caracterizava seu povo levando consigo a esfera esmeralda que abrigava o dragão agora limpo das influências malignas. A mulher gigante verde e prata, ao seu turno, teve de usar a última força restante para voltar para sua casa e ter uma boa noite de sono, pois haviam sido momentos tensos. Ainda mais quando ela vira algo indesejado: a imagem de um ser odioso.
Pensou consigo mesma que não era possível que Iouda estivesse mesmo tentando escapar de sua prisão. Se bem que não era como se ele soubesse o que era a palavra “limite”. Não era a primeira vez que ele tentava e provavelmente não seria a última. Só Deus sabia quantas mulheres jovens tinham sido sacrificadas ao dragão albino com a intenção de obter energia para abrir um portal dimensional. Ajudava que o ser em questão tinha esse poder de comunicação interdimensional embora ninguém tivesse ideia de como ele fazia isso. Teve a certeza de que havia um intermediário. Lembrou-se de quando Joseph fora procurá-la e lhe contara suas suspeitas sobre o Culto do Dragão Branco. Quase o enxotara do bar, mas ele tinha sido útil.
O culto em questão “adorava” uma entidade com a forma descrita no nome. Sacrifícios eram exigidos em nome de obterem aquilo que desejavam. As provas de tais coisas eram mostradas em fotos que Redfield prazerosamente tirava. Jade ainda não sabia como Regine ligava-se a isso embora ela tivesse um “monstro de estimação” que era justamente o que dava nome à trágica pantomina. Provavelmente ela sabia quem era a líder da loucura, afinal, se... Não! A verde e prata se apavorou ao pensar na possibilidade. Fazia sentido se fosse levado em consideração o fato de que a albina do diabo tinha um “filho dragão” e que a comandante certamente saberia disso. Afinal, ela não aceitaria um acordo se não tivesse plena certeza de que ela dizia a verdade. E a única que não pensaria duas vezes em algo tão louco, ainda mais se os pontos fossem devidamente ligados...
- Lilith.
Jade não se surpreendeu, por fim. Conhecia muito bem a história daqueles dois demônios. Lilith e Iouda. Na Terra do começo do século vinte, conhecidos como os jovens e adoráveis Lily e Ferdinando. Testemunhara de perto o estrago quase irreversível causado por eles e suas tramoias no melhor estilo As ligações perigosas. Várias vítimas com cicatrizes eternas em seus corações e mentes. A Terra quase destruída pela fúria descontrolada de Six após uma perda inevitável. Suspirou com uma profunda tristeza. Perguntou-se como estaria Teresa de Oliveira após todos esses anos agora como Teresa Bortignolo. Teria ela perdoado o traste por quem um dia as duas tinham sido apaixonadas? Traste esse que mesmo após tantos anos ainda remoía a culpa de todas as merdas feitas. Um babaca cuzão que um dia tinha sido Eleno Santagueda. Possivelmente estaria totalmente bêbado e chorando igual um corno apaixonado.
Mal sabia ela que ele, pela primeira vez em muito tempo, sentia-se feliz. Tinha revisto o amado afilhado e com ele investigara toda a sujeira deixada por Regine Redfield. Os dois, após uma busca longa, mas rápida em razão da ultra velocidade, tinham encontrado todas as provas de chantagem. Escondidas debaixo do piso de um banheiro público abandonado. Um lugar onde ninguém realmente olharia. Os dois sentiram-se muito felizes pela busca ter sido mais rápida do que ambos tinham previsto. Foi quando Dan perguntou-lhe: - O que devo fazer primeiro?
- Eu te aconselho a entregar esses documentos todos à Interpol. Certamente o agente encarregado disso saberá o que fazer – disse Six lembrando-se de que precisaria de uma boa desculpa para dizer à Podestá o motivo de ter sumido sem avisar.
- Sim, mas, deveríamos enquadrar a todos nisso? – Dan não tinha olhado nada, portanto não tinha ideia do que fazer.
- Te garanto que todo mundo citado nessas provas tem culpa no cartório. Como eu disse, deixe com a Interpol – disse o padrinho firme, mas terno.
Moroboshi assentiu. Tudo o que tinha de fazer agora era voltar ao Esquadrão Ultra e entregar aquelas pastas ao agente Podestá. Mal sabia ele que aquilo seria só o começo de algo muito maior.