Peço perdão pela imensa demora na minha segunda postagem, mas tive alguns problemas um pouco mais sérios, mas que já foram resolvidos. Então, apreciem o primeiro capítulo da Fanfic...
O dia estava ensolarado. Tal bom tempo possibilitou outra patrulha por aquela região de colinas. Era mais um plantão da oficial Anne junto com o oficial Vidal, primeiro nome Alexander. O calor era grande, razão pela qual o carro estava com os vidros abertos, pois o vento, apesar de pouco, era refrescante.
- Se não fosse obrigatório esse uniforme, juro que estaria usando algo mais fresco – disse ele se abanando com uma das mãos.
- Um banho vai ser muito bem vindo quando voltarmos – respondeu ela enquanto atentamente dirigia no acidentado terreno.
Alex levemente riu, mas a custo escondia seus reais pensamentos. Imaginá-la tomando banho após um longo dia era... algo muito sensual. Os dois juntos, sem roupas ou pudores. Não! Pegou-se indo mais longe do que se permitia quando estava perto dela.
Quase sempre os plantões junto dela eram divertidos e falantes, pois Anne Yuri estava sempre disposta a conversar sobre amenidades. Não que as coisas mais sérias não fossem importantes, mas eram sempre estressantes. No entanto, sua crescente atração pela amiga e colega o fazia conflitar-se consigo mesmo. Era errado mentir, porém, como ela reagiria se ele dissesse sem mais delongas que queria levá-la à cama e amá-la a noite inteira sem parar? Tinha a certeza do afastamento dela se soubesse. Certamente o acharia um pervertido desgraçado. Quase socou a porta do carro de furioso. Por que ele não podia simplesmente olhá-la sem se sentir incrivelmente atraído por ela?
Vidal considerava-se, pelo menos no modo pessoal, muito liberal e despido de preconceitos. No entanto, quando o assunto era Anne, sentia-se como um adolescente desajeitado incapaz de perguntar sobre coisas mais íntimas. Aquela linda japonesa não era como as outras mulheres com quem ele já havia dormido e dormia frequentemente. Ela era uma amiga leal e sincera. Amava viver e não temia ser repreendida por isso. Admirava a coragem dela de ingressar em um mundo tão masculino como a Defesa. Até onde ele soubera, ela era a única mulher até 1968. A única a entrar em ação junto dos seis membros da elite.
De fato, Anne tinha sido uma pioneira naquele ponto. Embora fosse oficial enfermeira, mostrara-se muito eficiente em ação e não raras vezes ia com os outros cinco colegas em missões mais arriscadas. A jovem Anne Yuri naquele momento estava perto dos 23 anos. Era órfã desde ter dois, quando foi abandonada sem saber por quem e qual o motivo, em uma “casa de ajuda” comandada por uma “nona” italiana. Angelina criou a ela e pelo menos outras doze crianças até os dezoito anos ou serem adotadas por outras famílias. A maioria tinha conseguido uma família adotiva ou sido encontrada por parentes distantes. Apenas ela e mais outro garoto, atualmente gerente de uma grande loja, tinham ficado com a velha nona.
Ao contrário de seu irmão de criação, que tinha optado por uma vida mais normal, Anne tinha resolvido ingressar na Força de Defesa. Angelina viu-se muito contrariada, pois o Exército não era lugar de mulheres, pelo menos era o que tinha sido induzida a pensar desde moça. A jovem Yuri, porém, lhe dissera que aquele ingresso lhe daria uma provável chance de encontrar sua família e saber o motivo de ter sido abandonada. A italiana novamente dissera que era melhor ela não buscar tal informação, pois a verdade podia ser muito dolorosa. A então menina, porém, não tinha medo. Ela tinha o direito de saber suas raízes. Pelo menos queria entender o que havia levado ao seu abandono.
Ela, no entanto, nunca tinha conseguido uma informação realmente importante. Angelina nada sabia sobre a família dela, apenas lembrava-se de ter encontrado a menina enrolada em cobertores em uma noite fria. Outros nunca souberam dar qualquer informação sobre seus familiares, dado que Yuri era um sobrenome bastante comum no país. Era impossível não existir qualquer coisa sobre seus pais ou pelo menos sua mãe. Quem sabe outros parentes que pudessem contar-lhe algo realmente importante. Foi quando Alexander, notando o silêncio prolongado, cutucou-a delicadamente, pois nunca a vira tão quieta: - Tudo bem?
- Não está totalmente bem. Nesses cinco anos que estou na Defesa, não consegui nada... – receou-se de falar.
- Pode falar. Quem sabe até eu te ajudo, caso precise – ele respondeu afagando delicadamente o ombro dela.
- Minha família – respondeu ela entrecortando as palavras. E muito custosamente contando a Vidal sobre sua condição de órfã/filha adotiva.
- Eu nem sei o que dizer. Deve ter sido... – ele de repente não encontrava as palavras certas.
- Ser olhada feia por uns, torto por outros. Não diria que essa parte foi fácil, mas, tive uma excelente mãe na minha nona Angelina. No entanto, quero saber a verdade sobre minhas raízes. É um direito meu querer descobrir isso. Não é que eu seja infeliz ou incompleta de alguma forma, mas viver com essa dúvida não é nada bom – disse ela parando o carro.
- Eu diria que viver com uma dúvida assim não parece muito se comparar com a minha situação – suspirou ele pelo calor e ao mesmo tempo pela lembrança ruim que agora lhe vinha.
- Alex! – ela espantou-se ao que Vidal disse: - Você pelo menos teve uma mãe excelente. E eu? Tive que viver desde criança com pais separados e em polos completamente opostos. Meu pai sendo um típico fazendeiro racista do Texas e minha mãe uma artista que passou mais tempo viajando e cantando que sendo uma boa mãe. Embora ela tenha sido sempre melhor que o meu pai. E meu tio sendo um homem incrivelmente mais exemplar e melhor que o idiota que eu chamei de pai desde o nascimento.
- A relação de vocês deve ser péssima – disse Anne de repente parecendo mais grata à situação que sempre vivera.
- Simplesmente não aceito ser como os familiares do meu pai ou como ele. Sou quem eu quero ser. Aprendi com o meu tio e meu primo-irmão que não importa como você se pareça, o seu coração é a parte que realmente vale. Só que... a minha família nunca aprendeu isso de verdade. E me dói. Muito – Alex via-se em princípio de lágrimas.
- Apesar de tudo, você ainda os quer aprendendo a serem pessoas de verdade. É nobre da sua parte. Tomara que um dia eles enxerguem isso – disse ela afagando uma mecha solta do cabelo dele.
- Também espero – suspirou ele triste, mas depois sorriu: - Você é maravilhosa, Anne. Não sei como me sentiria se não pudesse falar com você. Me sinto confortável quando conversamos. Com os outros não seria a mesma coisa. Não me sinto íntimo o suficiente com eles.
- Não entendo. Já faz algum tempo que todos temos convivido juntos – respondeu ela sem compreendê-lo.
- É que com você me sinto mais à vontade para dizer algumas coisas. Não é com todo mundo que tenho essa abertura de palavras, que consigo me sentir assim – replicou ele rindo levemente.
- Só posso agradecer por confiar tanto em mim – Anne sorriu de volta.
Eles riram por mais algum tempo. Anne voltou a dirigir e assim deram mais algumas voltas. Até verem um homem surgindo na estrada. A jovem estranhou e parou o carro: - O senhor está perdido?
- Não, moça. Sou apenas um viajante de passagem. Eu suponho que ambos são do Esquadrão Ultra – respondeu ele sorrindo amigável.
- Sim, somos. E o senhor, veio de onde? Europa? América? Ou...? – Vidal olhava-o atentamente.
- Áustria – respondeu ele para depois apresentar-se: - Joseph Von Gantz é o meu nome. Eu suponho que você é Anne e ele, Alexander.
- Como sabe?! – exclamou ele espantado.
- É difícil não ouvir falar de vocês por aqui. Ninguém sabe onde fica a sede, mas todos conhecem os membros. Tem até fã-clube – respondeu ele com desconcertante casualidade.
- Nossa! – exclamou ela sem mais palavras.
- E o que você faz por essas bandas? – Alexander perguntou saindo do carro.
- Eu caço aventuras. Tem alguma coisa ocorrendo por esses lados. Vi algo parecido com um objeto voador alguns minutos antes de vocês voltarem aqui – respondeu Joseph cordial.
- Onde?! Como ele era?! – Anne perguntou sem sequer pensar se eram verdade ou mentira aquelas palavras. Já se encontrava junto do amigo.
Gantz sequer teve tempo de responder, pois um laser muito pronunciado passou perto demais de onde eles estavam. Era como se avisassem: cheguem perto e a próxima rajada será fatal.
- De onde isso veio?! – Vidal sacou a arma sem pensar.
- Veio da direção leste. Tá parecendo que isso aí é coisa alien ou terroristas terráqueos – respondeu Gantz parecendo despreocupado.
- Me desculpa, mas nem mesmo os terroristas mais ricos poderiam fazer isso! – disse Alex incrédulo.
- E você nunca pensou na possibilidade deles fazerem uma aliança? – Joseph olhou-os sério.
- Você é louco, sério – disse Anne sem crer no ouvido.
- Me perdoa o comentário, mas, a humanidade de santa só tem a cara porque o resto... eu prefiro nem elaborar – Gantz indicou com a cabeça uma grande pedra. Todos deviam ficar ali escondidos até encontrarem uma solução.
- Eu não quero ser ou parecer idiota, mas, nem mesmo o pior deles teria tanta coragem – disse Vidal como se não conseguisse acreditar nas próprias palavras.
- O Hitler e uns quantos por aí na História são excelentes exemplos de como a humanidade pode chegar longe nas maldades. Portanto, fazer pacto com alienígenas parece um domingo no parque – respondeu o forasteiro firme.
Anne e Alexander pareceram ter perdido qualquer resposta possível, pois aquilo não era exatamente uma mentira. No entanto, eles não pareciam prontos a concordar com tal coisa. No momento, porém, era mais importante saber o que estava acontecendo e como aquele viajante sabia tanto.
- Sugiro que nós façamos um plano ou chamemos o resto da equipe. Não podemos sozinhos com isso – disse Alex logo pegando o comunicador. Em seguida exclamou: - Merda! Estamos sem sinal! Ótimo!
- Parece que seremos nós a tentar lidar com isso. No entanto, nós somos dois oficiais e um forasteiro – Anne suspirou sentindo-se cansada.
- Eu não quero ser chato numa hora dessas, mas tenho nome, sabia? – disse Gantz enfastiado.
- Desculpe, acontece que não o conhecemos direito – disse ela olhando-o séria.
- Que seja! – respondeu ele enfastiado.
- Me pergunto se há uma forma de chegarmos seja lá onde fique essa base. Temos que fazer alguma coisa! – exclamou Vidal.
- Primeiramente, precisamos saber o que está havendo – Anne pensava em todas as possibilidades.
- Não têm acontecido nada de extraordinário nos últimos tempos. Nenhum desaparecimento ou ataque surpresa, o que é uma façanha, dado o que vivemos ano retrasado – disse Alex, ainda guardando más lembranças do horrendo ataque alienígena.
- Tenho um plano, se alguém quiser ouvir – disse Gantz olhando-os com certa impaciência.
- Se nós conseguirmos pedir ajuda sem levarmos um laser na bunda, por mim tá muito bom – disse Alexander ignorando qualquer educação verbal.
- Considerando o local onde nós estamos, é possível que o acesso a tal base seja em uma daquelas cavernas, ou grutas, onde se entra por cima. Caso vocês não tenham reparado, o laser que quase nos atingiu veio do leste fazendo uma trajetória com o formato de uma abóboda. Portanto, o único modo que nós temos de encontrar essa base e entrar nela é acessando a floresta e encontrar alguma caverna que pareça não pertencer ao local. Pelo menos foi o que eu supus observando – disse Joseph seguro.
- Por acaso você é físico ou coisa parecida? – Anne espantou-se com aquelas palavras.
- Alguns anos viajando por esse mundo afora me deu uma boa base de experiência em observar – respondeu ele algo prolixo.
- Eu geralmente não costumo dar crédito a gente que mal conheço, mas, nesse caso, nós estamos sem sinal de comunicação e correndo sério risco de sermos pulverizados. Então, teremos que confiar em você mesmo eu sendo muito contrário a isso – disse Vidal sem sequer piscar.
- As nossas chances de sairmos dessa vivos aumenta se nós seguirmos o que eu sugeri. É melhor que nós ficarmos aqui parados feito uns idiotas ou tentarmos escapar com o carro perigando a levar... Ah! Eu esqueci que os veículos tem barreira de proteção contra esse tipo de coisa! – riu Gantz de repente pensando em um plano melhor.
- A barreira só é ativa quando algum de nós aperta o botão perto do volante – disse Anne enfastiada.
- Posso tentar voltar, só que vou precisar fazer uma volta um pouco séria dado o fato de que nós não sabemos o ponto cego desse laser ou se há outros desses – Alex olhou a amiga tentando encontrar uma opinião.
- Sorte a nossa que o carro não está longe e a volta mais longa é relativamente fácil de fazer – disse Anne se oferecendo para tal intento. Sendo menor e mais magra, para ela seria fácil: - Eu trago o carro e podemos sair daqui para pedir ajuda.
- Graças a Deus e ao seu pensamento rápido – disse Alex sorrindo para depois olhar o forasteiro: - Eu admito, porém, que deveria ter me lembrado do nosso veículo.
Anne logo olhou atentamente o perímetro e percebeu que a volta mais comprida poderia ser feita por trás de uma “mureta” de pedras. A jovem oficial andou cuidadosamente o caminho com a intenção de não despertar a atenção do que fosse que estivesse atirando aquele laser. Conseguiu o desejado após algum tempo e exatamente na hora em que ligou o escudo protetor, um tiro de laser veio intencionando destruir o carro. Ela percebeu que muito provavelmente o laser só podia atirar em um ou outro ponto específico e precisava recarregar. Era igualmente possível que a arma ainda estivesse em desenvolvimento. No entanto, era impossível determinar qualquer coisa apenas com achismos.
O carro, agora com Anne na direção, foi até onde os dois estavam. Alexander e Joseph entraram rapidamente. A oficial logo colocou em palavras o que pensava enquanto dava partida no carro. Gantz respondeu logo que o veículo começou a tomar distância dali: - É uma boa possibilidade, mas, a quase total inexistência de pistas torna difícil qualquer colocação.
- O que está acontecendo, afinal? – Vidal encontrava-se bem nervoso naquele momento.
- Teremos de voltar e chamar ajuda, é tudo que podemos fazer – disse Anne determinada.
- Eu diria que é uma excelente ideia, mas eu imagino, pelo menos levando em conta o que vimos, que provavelmente estamos perto de ser vítimas de um novo ataque alienígena ou... vocês sabem mais o que – Gantz disse muito sério.
- Aliança entre terroristas daqui e vilões extraterrestes é improvável. Com honestidade – disse Anne enquanto dirigia.
Ninguém disse mais nada até todos chegarem à sede do Esquadrão Ultra. Os oficiais entraram após se anunciarem e trouxeram consigo o forasteiro, que disse: - Vocês moram aqui ou só...?
- Nós vivemos aqui. Todo mundo do Esquadrão – respondeu Vidal tirando o capacete. O suor era considerável na cabeça agora descoberta.
Kiriyama, o capitão, entrou no local logo de saber do retorno dos oficiais e do visitante inesperado: - Pensei que vocês voltariam só perto do anoitecer. Relatório, por favor.
Anne e Alex contaram tudo o que aconteceu e apontaram o forasteiro como responsável direto pela descoberta. O capitão falou com ele: - Nome e de onde você veio.
- Joseph Von Gantz, Áustria. Um viajante solitário que por acaso topou com o old moustache e a bonitinha – respondeu ele em seguida olhando meio sério: - Tô cansado pra cacete e morto de fome. Tem pouso e comida pra um vagabundo andarilho como eu?
O líder do esquadrão e todos os outros presentes na sala espantaram-se com a total falta de modos dele. Foi quando Furuhashi veio do lado oposto com notícias desanimadoras: - Acabaram de registrar o desaparecimento de um grupo de turistas próximo de onde a Anne e o Vidal faziam ronda hoje.
- Isso não acontecia há pelo menos... dois anos! O máximo que ocorreu desde a última e mais intensa invasão foram apenas casos isolados rapidamente resolvidos! Agora isso?! – disse Kiriyama nervoso.
- Tudo que podemos fazer é combater seja lá o que for. É nosso dever como defensores do planeta. Oficial Vidal, oficial Anne, digam onde está esse lugar e faremos algo imediatamente – disse uma mulher levantando-se de onde se encontrava organizando mapas.
- Como sempre tomando a iniciativa, oficial Mendonça. Peço desculpas pela minha falta nesse ponto – disse o capitão envergonhado.
- Não diga isso, capitão. Ficar nervoso é normal. Não sinta vergonha – disse um rapaz negro usando fones de ouvido.
- Oficial Neville – disse o líder como se o repreendesse, porém, dizia isso sorrindo.
Os dois oficiais disseram a localização e Gantz “atropelou” com sua teoria, para o desgosto de Furuhashi: - Você não tem educação?!
- Nesse momento, educação é algo com o qual a gente não devia se preocupar mesmo. Tem coisa mais urgente nesse minuto – replicou o austríaco imediatamente.
Neville e Mendonça acalmaram os ânimos e aconselharam todos a terem calma, pois era o melhor a se fazer. Até porque eles realmente tinham algo pesado nas mãos e precisavam resolvê-lo antes que piorasse. Gantz iria com eles, mas realmente encontrava-se cansado, além de faminto. Achou realmente ruim não poder fazer mais, mas, esperou que eles pudessem resolver tudo sem precisar de ajuda externa. Sabia exatamente como era a sensação de precisar de ajuda. Às vezes doía como ferro quente na pele.
Apenas quarenta minutos depois, um contingente considerável de membros encontrava-se no local indicado pelos oficiais. Uma ruiva de pesado sotaque gaélico disse: - Segundo a teoria do austríaco, a caverna indicada deve ser aquela perto do vale.
- Você acha? – perguntou Anne observando com dúvida.
- Eu reconheço algo estranho quando vejo. Cresci nos vales irlandeses. É impossível aquela caverna ser natural – disse ela convicta.
- Myra possivelmente está certa. Aquele formato não é comum nessa região. Pelo menos segundo as fotos tiradas pelos aviões – disse um oficial de cabelos claros pegando um aparelho do carro.
- E considerando a teoria da oficial Anne, acho que podemos invadir e descobrir sem medo de levarmos um laser – disse uma sorridente e jovem latina.
- Até porque o tiro veio do lado oposto segundo o depoimento daquele forasteiro – disse Alex ainda desconfiado do visitante inesperado.
- Pelo menos ele pareceu saber o que dizia. No entanto, eu não entendo o que ele fazia desses lados. Tudo bem estar viajando, mas isso é um pouco além das minhas expectativas – disse Neville sem compreender como alguém de terra tão distante viera parar ali.
Alex tinha inicialmente a teoria de que ele fosse um criminoso. Logo, porém, se lembrou de Anne contando-lhe sobre a chegada de Dan, em 1967. A história atual era incrivelmente parecida. Será que ele...? Definitivamente, um raio não caía duas vezes no mesmo lugar. Ainda mais porque Joseph Von Gantz não se encontrava ali junto deles, o que ocorrera com Dan Moroboshi.
A caverna logo foi invadida pelo grupo armado. Os turistas desaparecidos encontravam-se presos em uma enorme jaula. E um par de alienígenas encontrava-se recarregando o que parecia ser alguma coisa grande e bem perigosa. Bem que os meliantes tentaram reagir, mas acabaram abatidos pela precisa pontaria de Soga e Janine. De repente, um tremor sacudiu fortemente o lugar e rugidos intensos tomaram os ouvidos de todos.
- Um kaiju?! – exclamou Myra sem acreditar em outro monstro.
- Vamos contatar a base e chamar reforço aéreo! – disse a latina.
- Maricruz, isso tem que ser lá fora porque aqui o sinal não pega! – exclamou Amagi libertando os prisioneiros o mais rápido possível, pois temia que o local desmoronasse.
Com todos fora da caverna, enfim a coisa foi vista. Era um ser horrivelmente feio e grande. Escamas negras avermelhadas cobriam todo o corpo e um focinho horrendo destacava-se na cabeça ovalada. Além dos enormes dentes que poderiam partir até um arranha-céu em dois.
- É melhor que nossos reforços cheguem logo porque a coisa acabou de ficar bem feia – disse Soga olhando sério.
Foi quando outro ser gigante surgiu. Todos teriam achado que era o próprio UltraSeven, se não fosse o detalhe de que onde deveria ser prata, era dourado. O resto, no entanto, era idêntico.
- Certo, isso não era bem o que esperávamos – disse Vidal impressionado.
- Outro defensor alien gigante? Isso realmente ficou estranho. Quem será ele? – o rapaz de cabelos claros viu-se assustado com aquela presença.
- Pela aparência, ele parece ter vindo da mesma terra do UltraSeven. Exceto pelos detalhes dourados, o que muito provavelmente indica uma posição superior e quem sabe mais poderes – disse Furuhashi analisando o visto.
Enquanto eles falavam, o monstro não parecia saber o que fazer sobre o ser parado ali à frente dele. O dourado vermelho apenas o observava. Foi quando ele formou à sua volta algo parecido com um halo dourado e jogou-o em direção à criatura monstruosa. O resultado foi totalmente inesperado: o kaiju deixou-se envolver e acabou transformado no que parecia ser um disco voador. O “ultra” pegou o agora objeto e olhou para os membros do Esquadrão ali presentes. Assentiu algo não falado com a cabeça e logo saiu voando sabia Deus com que motivos.
- Ao que parece aquela coisa não estava aqui por querer – disse Amagi surpreso.
- E temos um novo “defensor gigante” pelo que parece – respondeu Anne sem saber se confiava ou não nele, pois ele não era Dan.
- Pelo menos aqueles dois aliens foram eliminados e os turistas salvos. Podemos voltar – disse Janine sem qualquer emoção na voz.
Todos assentiram a despeito da indiferença da francesa. Logo voltaram para a sede do Esquadrão e contaram ao capitão todo o acontecido. Ele logo respondeu: - Estou realmente feliz que não tenha havido mortos ou feridos. E tudo porque nós confiamos na palavra daquele austríaco.
- Isso é verdade. E onde ele está? – Alex deu leve balançada na cabeça.
- Fez uma higiene básica e foi comer. Desde então não o vi. Não sei quanto tempo ele pretende ficar. Isso se ele ficar - disse Kiriyama olhando Vidal nos olhos, como se dissesse que desconfiava de alguma coisa. O americano assentiu percebendo as palavras implícitas do líder.
Algum tempo depois, tudo normalizou dentro da base, com cada membro indo fazer suas funções. Ou pelo menos quase todos, pois Alex encontrava-se naquele momento terminando de se preparar para sair. Era sua noite de folga.
Após ficar pronto, passou pelo alojamento onde Gantz fora abrigado desde que chegara. Olhou pela fresta da porta cuidadosamente. Ele encontrava-se dormindo, roncando bastante alto. As trouxas mais suas roupas encontravam-se em uma cadeira. Os sapatos, bastante velhos, encontravam-se no chão. Foi quando o americano viu, ainda que o escuro atrapalhasse, algo que imediatamente acendeu sua desconfiança: algo de terra perto das pontas dos calçados. Podiam ser de quando haviam se visto pela primeira vez, no entanto, algo lhe dizia outra coisa. Todavia, não era como se sua teoria tivesse muita base. Seria necessária uma investigação mais longa. Que talvez nunca ocorresse porque o forasteiro possivelmente iria embora logo.
Saiu usando seu cartão de acesso. Usou o telefone perto da portaria para alugar um veículo. Algum tempo depois, estava dirigindo rumo ao centro de Tóquio. Parou diante de um bar e desceu do carro, travando-o com seu controle de comunicação do Esquadrão. Entrou, encontrando um sorridente ruivo esperando por ele...
- Atrasou de novo, Alex. Quando é que você vai ser pontual?
- Pierre, eu tive um dia complicado, nem vem. Estou aqui como combinamos, sempre quando eu tiro folga – disse ele com as complicações do dia ainda martelando na cabeça.
- Desembucha enquanto eu peço o seu refrigerante de costume e o meu saquê de arroz – disse ele para logo em seguida chamar o atendente.
Alex resumiu o máximo que pôde a situação. Pierre bebericou algo do saquê após receber os pedidos e respondeu:
- Considerando tudo o que você disse e quando você me falou de como o tal do Moroboshi chegou no Esquadrão, parece combinar. No entanto, não temos muita coisa pra embasar a teoria. Até porque o forasteiro não saiu com vocês.
- Nada me tira da cabeça que tem algo errado com ele. Não gostei dele desde a hora em que olhei na cara daquele sujeito. Alguma coisa me repeliu desde o começo – replicou Vidal sem piscar.
- Alex, desliga disso. Vamos nos divertir. A noite é uma criança e o sol não demora a chegar – sorriu o ruivo levantando o copo em brinde.
Enquanto o oficial americano se divertia com o amigo, a oficial brasileira Mariana era a responsável pela ronda daquela noite. E ela sempre ficava feliz quando era escolhida. Gostava de caminhar em volta da sede. O lindo bosque trazia-lhe tranquilidade e paz. Naquela noite, porém, a sensação não viria, pois, deparou-se com o forasteiro Gantz parado ali fora. O vira durante a tarde. Decididamente não fora com “as fuças” dele.
- Ronda? – perguntou ele de braços cruzados.
- Sim. Algo errado com isso? – respondeu ela sem hesitar.
- Nada. Só perguntei. Afinal, não vivo aqui, portanto não sei a rotina do esquadrão. E francamente, não sei se pretendo ficar. Uma vida “fixada” não seria má ideia, mas, tenho alma cigana. Além do mais, acho que não me encaixo no estilo de vida daqui – Joseph acendeu um cigarro enquanto falava.
- Cuidado com isso. Da última vez que fumaram perto da sede, os alarmes acordaram todo mundo – disse a oficial gesticulando que ele apagasse.
- Eu já sei. Vi uma placa aqui próximo falando disso, por isso estou longe da porta – Gantz olhou-a como se dissesse: eu sei disso, garota burra.
- Faz bem. Com licença que preciso continuar fazendo a ronda – disse ela afastando-se sem dizer mais.
- Teresa – ele disse entre-dentes. Respirou fundo após dar uma intensa tragada no cigarro.
A imensa concentração de estrelas daquela noite parecia uma reunião a discutir os rumos daquele belo, mas estranho, planeta. Talvez elas soubessem do futuro. Quiçá tentassem adivinhá-lo.
Elas, porém, pareceram afastar-se quando um cometa vermelho e prata disparou entre elas como uma bala de canhão.
Trecho do próximo capítulo, 2 - O regresso de Dan:
"- Você é... Dan Moroboshi? – perguntou Pierre, que sem querer chamou a atenção da rua inteira por estar sem camisa.
- Sim. Só que... eu acho que sou o menor dos seus problemas – Dan olhava em volta e percebia incontáveis olhares reprovadores. E alguns que escondiam segundas intenções.
- Deixa esse pessoal. Não é como se eles pagassem as minhas contas. Vem comigo, eu cuido disso – o gaijin ofereceu ajuda.
- Desculpe, mas não conheço você – Dan olhou-o com receio."
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